Hoje fazem seis meses que minha mãe Partiu para seu descanso, não gosto de calcular tempo, pra mim ele se faz abstrato.
Poderia hoje colocar uma poesia ou texto mas decidi fazer diferente, tetnarei explicar o porque ela se fez tão importante em minha vida:
Desde minha infância fui reservado, não me enturmava com as crianças da minha idade e as achava “sem graça”, por não ter amigos eu era muito ligado a minha mãe, meu pai trabalhava muito e quando chegava geralmente estava bêbado. Enfim, minha madrinha, na época era vizinha e muito amiga de minha mãe morava com sua mãe, uma senhora idosa e que precisava de cuidados especiais, minha mãe nasceu em Pernambuco e nunca teve estudos, mau sabia ler e escrever direito, mas tinha um dom que talvez herdei dela.
Ela cuidava sem cobrar nada dessa senhora, dava banho, alimentava, medicava e trocava suas fraudas, eu como era apegado a minha mãe, observava as ações o tempo todo e com o passar do tempo fui ajudando ela naquelas tarefas, peguei um amor incondicional a essa senhora como se fosse minha avó, com sete anos de idade eu ajudava a dar banho e cuidar dela, ela não falava nem andava, mas tinha um brilho nos olhos que demonstrava sua gratidão a mim e a minha mãe.
Com pouca idade e passando por dificuldades, me empenhei em meus estudos como uma forma de me isolar das pessoas, brincadeiras não me agradavam, não achava alguém pra conversar e contava as horas para chegar em casa e ajudar minha mãe a cuidar daquela senhora, cresci com o sonho de ajudar as pessoas, era gratificante demais e a única profissão que queria seguir era de enfermeiro.
Morávamos de favor na casa ao lado a dessa senhora e com o tempo o dono pediu a casa, nos mudamos pra uma casa de aluguel, eu com 14 anos não trabalhava e meu pai bancava o aluguel com sua aposentadoria e minha mãe fazia serviços domésticos pra ajudar nas despesas.
Meu pai havia adoecido e se aposentou, caiu em uma depressão e vivia a base de remédios, havia parado de beber e andava sem rumo por ai, enfim, no ano de 1999 ele sofreu um AVC (derrame cerebral), tendo como sequelas a perda dos movimentos da perna e perdeu a força dos braços. Foi nesse momento que notei o que era o amor de verdade, minha mãe já preparada pois cuidava daquela senhora se dedicou integralmente a ele, e eu, mesmo sem ter diálogos com meu pai me tornei seu enfermeiro particular, dava banhos e cuidava dele como podia.
Mas a depressão falou mais alto e com 18 anos de idade me isolei de tudo, não me conformava com o que acontecia com as pessoas, tive minhas decepções com a perda de meu filho e não queria saber de ver gente, não me conformava como o ser humano era egoísta e rude, me prendi em meu quarto por dois anos sem ver a luz do sol, apenas via o rosto de minha mãe, a única que não me julgava e me olhava com sorriso no rosto, cuidava de mim e de meu pai simultaneamente, até que um dia pesando quase 160 kilos eu decidi colocar os pés na rua, acompanhado de minha mãe, as pessoas me olhavam e me julgavam, mas eu tinha a proteção dela, foi pra mim importante, sem ela hoje eu não teria vida, talvez tivesse conseguido me matar como tentei, mas ela com a bondade me fez crer que ajudar as pessoas valia a pena, que dinheiro não era nada e que mesmo as pessoas nos decepcionando, nossa recompensa esta com Deus e hoje vejo que minha vida foi escolhida por mim antes mesmo de vivê-la, e assim como uma lenda ou fábula eu criei os personagens, entre eles o anjo que vim a chamar de mãe.
Aquela senhora veio a falecer semanas antes de nos mudarmos, faleceu dormindo sem sentir dores e quando a vi pela manhã, estava com uma expressão serena e com um pequeno sorriso como se fosse de gratidão, e essa expressão que guardo em minha mente, gravo os sorrisos, assim como o de minha mãe, sofreu tanto em vida e em seus últimos dias de vida mas sempre com um sorriso ao me ver, e foi esse sorriso mau interpretado pelos outros que lhe retribui ao me despedir enquanto todos choravam, tenho gratidão por seus ensinamentos e por mais que eu seja mau interpretado em minhas ações, espero sempre ajudar as pessoas com o sorriso mais sincero e sereno que a senhora me ensinou.
Sou o homem que sou porque aprendi a sorrir com a senhora!
Te amo demais, és meu amor verdadeiro.
Recordo de ti não com lagrimas, mas retribuo o sorriso!
Saudades, minha professora da arte de viver!
“Passemos por essa vida com intuito de fazer o melhor sempre, sem exigir gratidão, sem julgar, cultivando sorrisos e fazendo germinar as sementes do amor e esperança”
Nenhum comentário:
Postar um comentário