sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Como ratos de laboratório


Vocês devem pensar que sou louco não é?
Pois bem não tenho comprovação se sou ou não, mas vou expor um pouco do que penso sobre o mundo que vivemos e as pessoas que nos rodeiam, espero que gostem e que entendam
Somos meros ratinhos brancos em uma enorme experiência.
Experiência essa que não sei qual a finalidade, o pouco que sei, é que temos um “criador”, ele nos observa a todo instante, ele que nos coloca nas experiências sem que percebemos. Somos cobaias!
Dependendo do ponto de vista, a vida nesse laboratório não é tão ruim, observo muito os outros ratos que estão por perto, estamos solitários cada um em seu espaço, chamam essa “gaiola” de ego, eu não sei o que significa mas sei que cada um tem o seu, por vezes preso no ego, alguns ratos passam horas, dias, meses e até mesmo a vida toda a correr por uma roda que não sai do lugar, ao meu entender eles alimentam seu ego com essa busca pelo novo mas sem sair do lugar.
As gaiolas tem as portas livres o tempo todo, mas alguns ratos tem medo do “criador”, eles dizem que não o vêem mas dizem que ele existe, eu sinceramente sou chamado de louco, isso porque eu digo que não o vejo, mas que ele me da sinais de sua existência a toda hora, comprovei isso quando sai de minha gaiola, eu não o temi, me senti protegido, parecia que ele tinha planejado cada passo que eu dei, apesar dele não dar as caras, me da presentes maravilhosos.
Todas as gaiolas são iguais, o espaço é o mesmo e até o jornal que forra o chão é o mesmo para todos, eu particularmente adoro o chão, fico por horas lendo cada palavra e cada informação, um dia desses reparei que a data do jornal e a data em que vivemos não coincide, fiquei espantado mas mesmo assim continuo a ler todos os dias, o que me deixa triste é ver que os outros ratos defecam em cima de tanta informação, não dão a mínima, apenas querem correr em sua roda sem sair do lugar.
Que bando de ratos inúteis – eu penso.
Um dia desses o criador me colocou em um labirinto, não estava só, haviam outros ratos e ao meu ver pareciam estar ali a muito tempo, esse labirinto se chamava “provações de vida”, haviam ratos que teimavam em seguir no mesmo caminho mas ao dar um passo na mesma direção batiam sua cabeça na parede, e continuavam a insistir. No começo fiquei com medo, queria seguir os outros ratos, sei la, talvez a maioria fosse pro caminho certo, mas desisti, resolvi seguir meu caminho, o que eu achava que seria o melhor, mesmo sabendo que haviam vários, eu ia seguir o meu e sempre com a mesma sensação de que o criador vigiava meus passos.
Andei, andei e nem sinal de encontrar a saída, já havia saído de minha gaiola, havia encontrado outros ratos que me ensinaram muito, uma me ensinou o amor, o amor de mãe, mas o criador a levou pra perto dele, era uma ratinha muito amável e bondosa, mas que ele precisava ao seu lado, levou também uma ratinha muito simpática que encontrei no labirinto, ela estava triste mas em pouco tempo ela ficou melhor e voltou a sorrir e foi assim que quando achei que teria uma amiga de verdade ,o criador também a levou pra perto dele, por vezes acho que é melhor caminhar sozinho, todos que esbarro e crio laços o criador tira de perto de mim, mas fazer o que? Somos cobaias não é mesmo?
Parei e pensei, então comecei a enxergar pelas paredes do labirinto, achei a saída facilmente, no fim havia muita luz, o criador estava cercado dos ratos que esbarrei no labirinto, todos estavam sorrindo como se tivessem vendo um enorme pedaço de queijo, mas não! Era por mim, havia um livro e minha gaiola estava forrada agora com uma espécie de paginas de seda, haviam nomes e uns números.
E então mentalmente o criador me disse que aquele livro era uma espécie de manual, que nem todos os ratos saberiam entender o que estava ali dito, mas notei que entre todos os ratos, ele me tirava da gaiola e me botava no labirinto e eu notei que os ratos que batiam cabeça no muro começavam a me seguir e que isso havia tornado um ciclo e que pelo simples fato de não defecar em cima do jornal que era trocado a cada dia, eu absorvia tudo contido ali naquelas palavras e com aquilo podia formar meus próprios textos.
Sim, o criador existe, somos meros ratos e não vou correr e ficar parado no mesmo lugar!
Alguém entendeu algo?
Nem eu!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um sorriso


Um sorriso não custa nada e rende muito.
Enriquece quem o recebe e não empobrece quem dá.
Dura somente um instante mas sua recordação é eterna.
Ninguém é tão rico que possa dispensar.
Ninguém é tão pobre que não possa dar.
Cria felicidade no lar.
É sustento no trabalho.
Sinal visível de uma amizade profunda.
Um sorriso representa repouso no cansaço, coragem no desânimo,
consolo na tristeza e alívio na angústia.
É um bem que não se pode comprar, nem emprestar, nem roubar porque
só tem valor no instante que se dá.
Mas se encontrar alguém que recusa um sorriso, seja generoso em dar
o seu pois ninguém tanto necessita dele quanto aquele que não
sabe dá-lo aos demais!

Ofereço a voces o meu sorriso e compartilho minha felicidade!
aguardem novidades!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Flores


Flores não nascem com espinhos
Espinhos se desenvolvem
Se desenvolvem e são implantações,
Implantações dolorosas!
Se desenvolvem quando a flor descobre,
Que habita um jardim de insensibilidade.
Espinhos machucam, dói!
Mas se dói, se sente,
Maldita sensibilidade induzida!
Jardineiros de mãos grossas as destroem
Retiram-nas do jardim não para salvá-las,
Deixam-nas secar depois do encanto da amada.
Secam, desnutridas de carinho.
Flores jovens e inocentes querem fugir,
Saltam-se nas mãos dos jardineiros
Pedem cuidado...
Pedem socorro
Mas sua pétalas são frágeis
E mãos de jardineiros são grossas em demasia.
Pobres flores que se entregam sem reservas,
E ainda têm de aceitar devolução
E quando devolvidas voltam secas,
Chegam arrastadas e tentam alertar as flores-crianças
Flores crianças, última esperança do jardim,
-Salvem-no! Solidárias flores que quase mortas ainda alertam,
Solidárias flores que mesmo mortas ainda adubam
Flores mortas jogadas ao chão
As mesmas que fizeram feliz
Algum pobre coração!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Somos todos burros ou mais um tijolo na parede?


Por que somos todos tão estúpidos? Por que, em plena “sociedade da informação”, as pessoas vivam justamente o paroxismo da desinformação, da ignorância, da imbecilidade? Por que as pessoas, por exemplo, confundem filosofia com metafísica e saem por aí dizendo cretinices como “a filosofia não serve pra nada?”
As pessoas não sabem que todas as ciências modernas foram criadas, sim, por filósofos? Que, por exemplo, o protocolo “www”, alicerce da internet tal e qual a utilizamos cotidianamente, foi criado por Tim Berners-Lee, e que Berners-Lee se inspirou, entre outras coisas, nos estudos de um filósofo e sociólogo chamado Ted Nelson? As pessoas acham que a medicina, as engenharias, a biologia, a física e a química foram criadas por indivíduos desde aqueles dias assim, especializadíssimos? As pessoas acham que a filosofia trata apenas de coisas abstratas, sem nexo e sem conexão com a realidade imediata?
As pessoas são burras? Você, leitor, é burro? Eu sou burro? O burro é burro? O que é burro? Eu acho que todos somos muito burros, sim. Eu mesmo sou uma anta. Dizem que eu sou um sujeito muito inteligente, mas me desculpem, porque eu não sou, não. Eu sou é burro demais. Já passei por um monte de coisas e nunca aprendi nada. Li uma pá de livros e estou sempre relendo um ou outro pra ver se gravo alguma coisa que preste. Cometo sempre os mesmos erros. Pior do que isso: há quem venha aqui para ler meus erros.
O mundo é mesmo um globo superpovoado por gente burra, não? Mas aonde eu quero chegar? Exatamente aqui: as pessoas falam o tempo todo sobre um monte de coisas, mas não fazem idéia do que estão falando. As pessoas são, em tese, animais racionais, mas agem o tempo todo de forma irracional. Mas por que isso acontece? Por que as pessoas viraram as costas para toda a tradição cultural do Ocidente? As pessoas, em geral, estiveram, em algum momento, de frente para toda a tradição cultural do Ocidente?
Por que as pessoas, para usarem aquele mesmo exemplo, dizem que “a filosofia não serve para nada” sem, contudo, saber, de fato, o que é filosofia? As pessoas, quando usam o termo “filosofia”, têm consciência do que estão falando? Sabem que filosofia não é só metafísica e abstrações e masturbação mental, mas também estética, lógica, epistemologia, ontologia (não, eu não escrevi “odontologia”, eu escrevi “ontologia”) e um monte de outras coisas?
Voltando novamente ao ponto: por que isto acontece? Eu digo que isso acontece por culpa da escola. Todo mundo, ou quase todo mundo passa anos e anos na escola estudando coisas como história, geografia, álgebra e trigonometria, mas ninguém sabe para quê. Um engraçadinho poderia dizer: Para passar no vestibular. Não é pouca coisa, está certo, mas e daí? Existe algum significado real em entender as causas e conseqüências da Revolução Francesa? Existe algum significado real em saber calcular uma hipotenusa? Existe algum significado real em saber desenhar a fórmula estrutural do ácido sulfúrico? Você, professor de física, pergunte ao seu aluno do primeiro ano: Por que estudar o movimento retilíneo uniformemente variado? Você, professor de literatura, pergunte ao seu aluno do terceiro ano: Por que estudar a Geração de 45?
E não aceite como resposta qualquer coisa associada a passar no vestibular. Pergunte pelo significado real (se é que existe algum) de cada uma dessas coisas. E, afinal, quando confrontado com aquele silêncio sepulcral, pergunte a si mesmo, professor: O que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou aqui?! Eu penso que a forma como os jovens são educados é errada. A maneira como conteúdos e conceitos são transmitidos é errada. O modo como procuram criar cidadãos conscientes é errado porque os educadores muitas vezes não são cidadãos conscientes. O que acontece, então? E qual seria a “maneira correta”? O que acontece é que o estudante conclui o ensino médio, mas é incapaz de formular um raciocínio completo e coerente. O que acontece é que muitos professores são incapazes de formular raciocínios completos e coerentes. O que acontece é que o professor de exatas despreza as humanidades porque não enxerga nelas qualquer “funcionalidade”, qualquer “valor prático”.
O que acontece é que o professor de humanidades despreza as exatas porque nunca conseguiu calcular aquela maldita hipotenusa. O que acontece é que ninguém sabe nada sobre coisa alguma. Os alunos não aprenderão enquanto não houver uma reforma ou mesmo uma revolução no ensino. Os alunos não aprenderão enquanto os educadores não compreenderem que têm de ser mais flexíveis. Os alunos não aprenderão enquanto os educadores não se adequarem a eles, porque, sim, o sistema que precisa se adequar aos estudantes, não o contrário.
Como fazer um adolescente entender e obedecer a uma disciplina, para os padrões dele, desgraçadamente rígida? Como pretender que um adolescente “fique quieto e aprenda” quando o que é ensinado, da forma como é ensinado, simplesmente não o interessa? Como pretender que um adolescente “fique quieto e aprenda” quando ele sequer pode escolher as disciplinas que mais lhe interessam? Com a desculpa de oferecer uma “formação ampla” aos estudantes, acabam oferecendo uma formação nula. Como pretender que um adolescente “fique quieto e aprenda”, por exemplo, geografia quando, no fim das contas, nem o professor de geografia compreende o que é que está ensinando e por quê? O que temos hoje no sistema educacional em todo o mundo é uma cadeia de erros que perpetua a burrice, a apatia, o desinteresse.
Uma cadeia de erros que forma milhares de profissionais especializadíssimos, mas - inacreditavelmente - despreparados. Uma cadeia de erros que está relegando ao abismo toda uma tradição cultural porque as pessoas não pensam mais, as pessoas não raciocinam mais, as pessoas não têm mais bases para pensar e para raciocinar, não têm mais bases para se situarem historicamente, filosoficamente. Como uma pessoa acéfala, amante das novelas e séries globais toscas que, não, não abordam a realidade cotidiana, mas uma idealização cretina da mesma, como uma pessoa assim pode ter subsídios para, por exemplo, apreciar a contento um material riquíssimo como a adaptação de A Pedra do Reino, na mesma Globo?
As pessoas vivem dispersas no vácuo, girando e girando pela eternidade afora, sem qualquer referência, divorciadas dos outros e de si mesmas, divorciadas até mesmo de Deus, posto que a idéia de Deus, como defende Baudrillard, perdeu-se em razão de simulacros e de rituais vazios, perdeu-se nos vãos da burocracia das religiões. No fundo, além de burros, somos todos ateus. E, não, as coisas não vão melhorar.

domingo, 23 de novembro de 2008

Elis Regina


"Quem cala sobre o teu corpo consente na tua morte."
"Quem grita, vive contigo!"
(Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)
Hoje, não sei porque, amanheci pensando muito em Elis Regina, o meu mito maior feminino. À tarde, ouvi quase todos os seus discos, reli as capas, os CDs, os vinis que tenho guardados. Cantei muito, gritei junto com ela criando coisas cheias de significados profundos e inimagináveis. Assisti a trechos de alguns vídeos e continuei a pensar. A tentar adivinhar suas cores, roupas, relações com este mundo tão complicado, shows, novos discos, depoimentos, entrevistas, tudo; se ela ainda permanecesse com sua carne entre nós.
Não fiz nada além de venerar e imaginar esta artista encantadora. Muitas interrogações me passaram pela cabeça: Como ela estaria hoje se estivesse viva? Que músicas gravaria? Sempre que gosto de uma nova canção viajo imaginando como ficaria em sua voz, e, possivelmente, com arranjo do César. Quantos compositores novos estariam no mercado por meio de suas mãos e de sua redonda e aveludada voz? Como encararia a carreira dos filhos Pedro, Maria Rita e João Marcelo? Voltaria a se casar com César Camargo Mariano, com outro, ou estaria sozinha?
Seria convidada para as entrevistas do Programa do Jô? Cantaria que música no final do seu último bloco com a sua interpretação belíssima, os gestos longos e rápidos, de azul, num vestido longo e farto, as mãos leves e o sorriso escancarado, barulhento, certamente invadiria mundo inteiro. Seus arranjos e técnica estão atualíssimos.
Elis não envelhece. Não sai de moda. Os sucessos antigos parecem ter saído hoje do estúdio de gravação, tal a sua contemporaneidade, a modernidade do repertório. Elis continua atual. E, infelizmente, a vida não anda. Apenas se repete. E assim sendo, ela poderia voltar a viver, a gritar, gesticular muito, brigar, fazer encrencas, artes e política.
Pensei no grande desperdício de vida, de vigor e arte, uma mulher como esta morrer tão cedo, com apenas 36 anos de idade, deixando muita tristeza, angústias e lágrimas. Ficamos todos meio órfãos, “formando dentro da gente um pântano de solidão”. Quem daria aquele tom sublime à Fascinação; Aos nossos filhos; Me deixas louca; A comadre; As aparências enganam; e... muitas mais?...
Quantas músicas lindas deixamos de ouvir, de deleitar o som divino, único e insubstituível. Nunca mais existirá outra Elis Regina de Carvalho Costa, que, pelo encanto e a força do talento, cantou tão pouco e deixou-nos um vazio intransponível e sem tamanho que merece de vez em quando, um dia de dedicação, de ouvidos apurados para sentir nuances, tons e ritmos, de suspiros e ais pela sua ausência tão imensa.
A falta que faz os seus cabelos curtíssimos, a figura baixinha, leve, esperta, elétrica, falando muito, gargalhando, transpirando vida, som, poesia, esperança de melhores dias e, claro, muita música, como instrumento de fazer política, de mudar as coisas.
Elis hoje se chama saudade e seu desaparecimento nos causa muita dor, levando a uma busca infinita em todos nós que continuaremos a amá-la sempre. Que não podemos viver sem o alento da voz e sua presença viva aquecendo o frio de nossas almas. Seus fãs. Os súditos eternos de Minha Majestade.
Ave Elis!

sábado, 22 de novembro de 2008

O mal do século é a solidão


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar:

"Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".

Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.
Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida? Estão é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdem nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornam-se máquinas e agora estão desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos. Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou com o discurso de “o solteirão infeliz”, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente!
Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega?), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é para continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida"
Reflitam!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cabeça abandonada


Você conhece alguém que antes de dormir fica remoendo
todos os erros que cometeu durante o dia que passou ?
Antes que o outro dia chegue, ele já se preocupa e planeja
como irá corrigir os erros cometidos no dia anterior ?
Você conhece alguém que, ao acordar, já vê o dia como sendo uma enorme montanha a ser nervosamente escalada antes que anoiteça outra vez ?
Ele não consegue relaxar um minuto sequer, ocupando-se o tempo todo e já pensando no que vai fazer em seguida ?
Ele nem sente o sabor da comida nas horas de refeição?
Tem profundas olheiras, corpo dolorido,pernas e braços cansados ?
Você conhece alguém que deixa tudo para a última hora e depois se desespera porque o tempo acaba não sendo suficiente para ele fazer tudo que andou protelando ?
Ele se queixa que 24 horas são pouco para quem tem muito para resolver, gerenciar, providenciar,
fazer, fazer e fazer ?
Você conhece alguém que já não consegue se divertir,já não sabe sorrir, sempre sério, atormentado, exaurido, frustrado com os poucos resultados que obtém como "paga"
do tanto que faz ?
Ele reclama que os ganhos são poucos, que a família é complicada, que o chefe é um tirano, que os empregados são incompetentes e que os amigos só aparecem quando tudo vai bem ?
Você conhece alguém que responsabiliza a Vida pelas coisas que não dão certo, que não saem como ele queria ?
Ele se sente um outro Cristo crucificado, sacrificado e parece um poço de dores e de decepções ?
Você conhece alguém que se imagina sendo o alvo de todos os problemas e mazelas do mundo ?
Ele costuma dizer que será feliz quando o mundo mudar,quando as pessoas o entenderem, quando o tempo melhorar,quando as finanças ajudarem ?
Você conhece alguém assim ?
Será que ele sabe que todo esse caos é atraído por sua própria cabeça, cheia de pensamentos desordenados ?
Será que ele sabe que tudo que o incomoda é reflexo do modo como ele pensa, age e interage com o mundo exterior ?
Não seria bom dar-lhe um "toque", contando que o "lado de fora" só vai mudar quando ele mudar seu "lado de dentro" ?
Aqui se espera que você não tenha concluído que esse alguém é você mesmo, mas se não for, a semente está plantada.
E ainda é deixada uma amorosa sugestão:
adote uma cabeça abandonada
A SUA

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Princesa Isabel (humor negro)


Princesa Isabel Palha Cristina Leopoldina Manoelícia Augusta Miguela Gabriela Rafaela Mortadela Napanela Gonzaga de Bragança e Bourbon Iche-Iche, mais conhecida como Princesa Isabel, foi a inventora da liberdade condicional, e começou esse processo libertando escravos na época dela (século XIXI a.C.). Incentivada por uma amiga, e usando de artimanhas sensuais, convenceu os senhores da época a libertarem seus escravos para que também pudessem ter direitos como os que eles tinham, como trabalho (mal) remunerado, direito ao casamento na lei (que mais tarde tornaria-se uma ação tão problemática que requereria a presença de testemunhas), direito à rodas de samba, construção de templos de umbanda, quimbanda e igrejas evangélicas, direito de beber, fumar, e, por fim, o direito à prostituição e a feijoada aos sábados.

Princesa Isabel criou a liberdade condicional gerando atividades que dessem pouco dinheiro aos trabalhadores, mas tomavam seu tempo e sua paciência. Isabel criou redes de trabalho como o telemarketing, o McDonalds, os chats ao vivo e as casas da luz vermelha (essas últimas dão dinheiro).

Ela recebeu esse apelido de Princesa por causa de uma amiga com quem sempre saía pras baladas da época, e num desses bailes ela bebeu tanto que pegou um rapaz riquinho filhinho de papai que chamavam de Prince.
Sua amiga, a mesma que incentivou Isabel a convencer os senhores de que os escravos podiam ser parecidos com as pessoas, se chamava Samanta (16 anos, drogada, prostituta, alcoolizada, mal-paga e torcedora do curinthia).

Quando criança, Isabel queria ser freira, mas disse recente em entrevista: "Graças a Deus, não quero mais!

“Princesa Isabel se amarrava num negão, fumou um baseado e aboliu a escravidão”
Vampiro doidão

Consciencia negra e alguns negros sem consciencia


QUE MARAVILHA, CHEGAMOS A UMA DATA TÃO ESPERADA, UM TEMA VASTO EM QUE POSSO LIBERTAR MINHAS IDEIAS.

PRIMEIRAMENTE DEIXO CLARO QUE SEREI IRONICO E SARCASTICO!

VAMOS LA “NEGADA”:

Poderia estar escrevendo em um “quadro negro” ou mesmo com um “lápis preto” em um papel branco, mas hoje como é feriado aqui em Sampa (mais um dia pra descansar de nosso trabalho escavo) resolvi escrever direto no PC.

Caros amigos, sabem que dia é hoje?

Não sabem?

Que decepção hoje é um dia tai importante a nós “afro-descendentes” e muitos não sabem disso. Hoje é “aniversário” de morte de Zumbi, “dia da consciência negra”.(comemoremos, ele morreu!!!)

Acho que cheguei ao ponto que queria, quantos negros e brancos que aqui freqüentam sabem quem foi Zumbi?

Lamentável, não é?

Vamos ser mais do que fantoches de cultura imposta, cadê a consciência?

Sei que serei criticado mas não concordo com esse feriado, Zumbi pra mim não foi herói, não comemoro dia de consciência negra com um racismo igual ao que sofremos no passado.

Não vou até a Avenida Paulista marchar com meus “irmãos de cor” na busca de igualdade, não serei imoral e dizer que tenho orgulho de ser negro, não pra isso!

Tenho orgulho da cor de minha pele, mas não busco igualdade com passeatas e protestos me inferiorizando perante a sociedade.

Não quero cota de universidades, não quero universidades formadas apenas por negros, não quero ser julgado como um excluído da sociedade.

Precisamos mudar a visão do mundo com atitudes não com falsas comemorações e homenagens.

Mudemos nossas atitudes e deixamos de ser estúpidos:

Estamos acostumados a ver em “padrões globais” de teledramaturgia, negros ( estabelecidos por cotas) fazerem papel de pobre, favelado, empregados domésticos, isso que tem que mudar.

Tem que se ter uma visão ampla de talento e capacidade.

Fui muitas vezes vitima de racismo, mas relevei, desde pequeno me questionavam sobre minha mãe, sobre uma possível adoção, ela era branca daquelas que a pele se avermelha ao sol, e parece que essa minha língua solta já estava afiada desde pequeno, eu respondia : - se for adotiva que mau tem, ela me ama!

Profundo não é?

Somos livres

A escravidão tinha mudado seus padrões, foi criado um ministério e vários benefícios para os escravos, eles ganhavam o poder de ter um livrinho com o histórico de suas passagem por seus “senhores” chamada de carteira de trabalho, ganhavam direito a um mês de férias para cada doze meses de escravidão, tinham direito ao transporte, com a modernidade não se usam mais navios para transportá-los e fica a critério do “escravo”, perdão quis dizer trabalhador, utilizar o meio de transporte devido até seu oficio, fica também determinado o prazo de trinta anos para mulheres ganharem sua liberdade e trinta e cinco para os homens.

Dados estatísticos

Segundo o IBGE, no Brasil os negros são correspondentes a menos de 10% da população. Os chamados "pardos", no entanto, que são mestiços de negros com europeus ou índios, chegam a um número próximo da metade da população.

Entre a população negra jovem (especificamente no segmento de 15 a 17 anos), 36,3% cursaram ou cursam o ensino médio; entre os brancos, a parcela é de 60%. Entre aqueles que têm até 24 anos, 57,2% dos brancos haviam atingido o ensino superior, contra apenas 18,4% dos negros.

O rendimento médio da população branca no Brasil é de R$ 812,00; (ganho pouco mais que isso, devo ser considerado branco pela empresa que trabalho) já a dos negros é de R$ 409,00. (meu primeiro salário registrado em carteira, quando comecei a trabalhar eu era negro?) Entre a parcela de 1% dos mais ricos do país, 86% são brancos.

“não tenham a consciência negra, tenham mente aberta e livre”

Me chamem de macaco



Conversando com alguns amigos negros percebi que o que mais os ofende é quando eles são chamados de macaco.
Parei e pensei.
Oras, que mau tem ser comparado a um macaco?
Deveríamos nos orgulhar, vergonha eu tenho quando me chamam de gente, de homem, de ser humano, fico até sem graça!
Ser comparado a um macaco deveria ser um elogio, eu adoro ser chamado de macaco, vocês já viram um macaco roubar uma banana de outro macaco?
Mas já foram assaltados por seres de sua igual raça ou conhecem alguém que já foi?
Já viram um macaco abandonar seus filhotes e deixar que os mesmos morram de fome ou frio?
Mas já viram seres humanos abandonarem bebês em cestos de lixo, em portas de prédios e até casos de morte por fome.
Já viram algum macaco agredir cruelmente um outro até causar a morte do mesmo?
Mas com certeza já viram casos de seres humanos agredirem seus semelhantes por motivos idiotas a ponto de tirarem a vida sem motivo que explicasse.
Já souberam de algum caso em que um macaco manteve um de espécie igual em cárcere privado e exigisse milhões de bananas como resgate?
Mas já viram casos de seqüestros de famosos e até mesmo de anônimos pela ganância pelo dinheiro
Nunca ouviram falar de um exercito de macacos invadir um outro território a que não pertencem para explorar petróleo ou riquezas a qual eles nem se importam?
Não?
Nem eu!
Mas já ouviram falar de exércitos que invadem territórios com o propósito de “trazer a paz” através da guerra e explorar tudo o que lhe desperta interesse econômico.
Já ouviram dizer que macacos constroem bombas e matam sem motivo outras raças por sentirem superiores?
Francamente

Me chamem de macaco, seria bem mais honroso ser comparado a uma raça tão inteligente e superior a nossa

Nelson Mandela


Nelson Rolihlahla Mandela (nascido a 18 de julho de 1918, em Umtata, Tanskei, África do Sul). Líder político africano. Foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999, depois de atuar como principal representante do movimento anti-apartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro.

• "Bravo não é quem sente medo, é quem o vence".
• "Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável."
• "Não há caminho fácil para a Liberdade."
• "A derrubada da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre."
• "A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias."
• "A violência do governo só pode fazer uma coisa: gerar a contra-violência."
• "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."
• "Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos."
• "Marcados nessas pedras você vai encontrar a dor de nossa luta, a tristeza de nossas perdas e os alicerces de nossa vitória."
- Nelson Mandela, presidente da África do Sul, em visita à prisão da Ilha Robben, em 1995, onde passou parte de seus 27 anos de cadeia
• "Nascemos para manifestar
a glória do Universo que está dentro de nós.
Não está apenas em um de nós: está em todos nós.
E conforme deixamos nossa própria luz brilhar,
inconscientemente damos às outras pessoas
permissão para fazer o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo,
nossa presença, automaticamente, libera os outros.

Luther King ( verdadeiro herói negro)


Martin Luther King nasceu em 15 de janeiro de 1929 em Atlanta na Georgia, filho primogênito de uma família de negros norte-americanos de classe média. Seu pai era pastor batista e sua mãe era professora.
Com 19 anos de idade Luther King se tornou pastor batista e mais tarde se formou teólogo no Seminário de Crozer. Também fez pós-graduação na universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou.
Em seus estudos se dedicou aos temas de filosofia de protesto não violento, inspirando-se nas idéias do indu Mohandas K. Gandhi
Em 1954 tornou-se pastor da igreja batista de Montgomery, Alabama. Em 1955, houve um boicote ao transporte da cidade como forma de protesto a um ato discriminatório a uma passageira negra, Luther King como presidente da Associação de Melhoramento de Montgomery, organizou o movimento, que durou um ano, King teve sua casa bombardeada. Foi assim que ele iniciou a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Em 1957 Luther King ajuda a fundar a Conferência da Liderança Cristã no Sul (SCLC), uma organização de igrejas e sacerdotes negros. King tornou-se o líder da organização, que tinha como objetivo acabar com as leis de segregação por meio de manifestações e boicotes pacíficos. Vai a Índia em 1959 estudar mais sobre as formas de protesto pacífico de Gandhi.
No início da década de 1960, King liderou uma série de protestos em diversas idades norte-americanas. Ele organizou manifestações para protestar contra a segregação racial em hotéis, restaurantes e outros lugares públicos. Durante uma manifestação, King foi preso, tendo sido acusado de causar desordem pública.
Em 1963 liderou um movimento massivo, "A Marcha para Washington", pelos direitos civis no Alabama, organizando campanhas por eleitores negros, foi um protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pessoas que se manifestaram em prol dos direitos civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. A não-violência tornou-se sua maneira de demonstrar resistência. Foi novamente preso diversas vezes. Neste mesmo ano liderou a histórica passeata em Washington onde proferiu seu famoso discurso "I have a dream" ("Eu tenho um sonho"). Em 1964 foi premiado com o Nobel da Paz.
Os movimentos continuaram, em 1965 ele liderou uma nova marcha. Uma das conseqüências dessa marcha foi a aprovação da Lei dos Direitos de Voto de 1965 que abolia o uso de exames que visavam impedir a população negra de votar.
Em 1967 King uniu-se ao Movimento pela Paz no Vietnam, o que causou um impacto negativo entre os negros. Outros líderes negros não concordaram com esta mudança de prioridades dos direitos civis para o movimento pela paz.
Em 4 de abril de 1968 King foi baleado e morto em Memphis, Tenessee, por um branco que foi preso e condenado a 99 anos de prisão.
Em 1983, a terceira segunda-feira do mês de janeiro foi decretada feriado nacional (EUA) em homenagem ao aniversário de Martin Luther King Jr.'s

Esse era um negro consciente!!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sou apenas poeta


Meu eu fingidor, meu eu da dor.

As palavras que escrevo

Partiram de minha alma.

Quem me dera não sentir a dor

Deste nobre ser sonhador.


Nas entrelinhas de um poema,

Uso as palavras escritas pelas que não foram ditas

Meus segredos não revelados,

Meus murmúrios de alegria, minhas fantasias,

Meu ser ferido, o meu eu escondido.


Nessas linhas compartilho quem sou,

Por elas conhecei me.

Sou assim como me vês.

Sou assim como lês.

Sou apenas poeta.


*Disseram que eu desaprendi a escrever poesias, oh povo exigente!!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Quando conheci Janis Joplin


Era uma estranha máquina, ali estática cheia de lâmpadas piscando. Andei de um lugar ao outro procurando por alguém que explicasse que diabos de trambolho era aquilo. Ninguém. Ou quase! Parado em um canto um pequeno camundongo de jaleco branco, usando um par de óculos sem aro e uma pinta bem acima do focinho, coçou com sua patinha o olho por baixo das lentes e disse:
- É uma máquina do tempo!
- Quê? - Perguntei.
- Uma máquina do tempo, seu estúpido! Gritou bem irritado o camundongo.
- Mas...
- Ora, ora, seu estúpido... Acaso não sabes o que é uma máquina do tempo...? Uma máquina que pode viajar pelo tempo...
- Sei, sei. Sei o que é uma máquina do tempo... mas...
- Mas... ah, já sei, nunca escutou um camundongo falar, é isso?
- Ah, sei... é um sonho! Ou pirei de novo! Ah, não... aquele manicômio é tão esquisito... Dão choques na gente... e nos culhões... E tem umas baitas ratazanas nojentonas que tá loco...! Ah desculpe, não queria ofender tua mãe...
- Pára com essa conversa... Tá me enchendo! Vai querer saber mais sobre a máquina ou não?
- Claro, claro! Mas quem é você?
- Um camundongo, seu burro...! Tá bom desculpe... sou na verdade uma cobaia de laboratório. O cientista que construiu essa máquina, em 2070, me mandou para cá.
- 2070!!!!
- È, 2070. O cara é fissurado, maluco, usa droga - Mesmo? Um cientista chapado...
- É... ele usa uma droga chamada macraina, que é uma mistura de maconha, crack e cocaína e leva uma pitada de bosta de nenê... Uma grama e o cara pira um mês...
- você tem alguma aí?
- Não! O cientista usou tudo! Vai ficar louco uns dez anos. Dá pra eu viajar no tempo uma porrada de tempo e ele nem vai perceber.
- É mesmo!?
- Bom, chega de conversa besta! Você vai querer saber mais da máquina ou não?
- Por que eu?
- É que você tem uma coisa desenhada na camisa que tinha em vários lugares dentro do laboratório. - Disse o camundongo apontando minha camiseta onde estava estampada uma foto de Janis Joplin.
- Tá falando dessa foto? Da Janis?
- É isso aí! O Dr. Hendrix é fissurado por essa mulher ai!
- Dr. Hendrix!!! - Dei um berro. - É esse o nome do cara? Tá me gozando, o rato paspalho!
- Tô não! Por quê?
- Deixa pra lá...É uma história longa demais pra te explicar agora! Mas o cara, em 2070 é fissurado em Janis? Não acredito!
- Ele dizia que tinha inventado a macraina pra poder ficar igual a ela. E que queria construir a porcaria da máquina do tempo e voltar cem anos no tempo pra conhecer a tal Janis.
- Putaquepariu! - Gritei.
- Isso aí, meu chapa! E não é só ele, tem muita gente lá que curte Janis, Stones, Lou Reed, Bowie, todos esses caras...
- 2070, 2070, 2070, 2070, 2070. - Fiquei repetindo que nem besta. - Curtem Janis em 2070!
- Mas e aí, você não vai me ajudar?
- Como assim, te ajudar?
- Seguinte, o Dr. Hendrix tava muito louco quando me colocou dentro da máquina. Meu destino era a época em que a tal Janis estava viva. Eu tinha que levar alguma coisa pra mostrar que era possível chegar. Ai eu voltava e ele se picava para a época. O problema é que ele esqueceu de programar a época certa... e ai eu vim parar aqui... O problema é que não sei direito a época...
- Ok! Te digo a época. Pode colocar aí...
- Espera aí... você acha que eu vou sozinho?! Tá louco? Acha que vou confiar em você?
- Mas não é isso...
- Você vai comigo...! Afinal você também parece que gosta da tal.
- Tá...gosto! Quer dizer amo!...Quer dizer... mas viajar nessa engenhoca... junto com um...
- "Camundongo branco de jaleco branco e óculos, que fala". É isso que você ia dizer, né? Preconceituoso!
- Porra, não é preconceito. É...
- O quê, então?
- Deixa quieto! Mas eu não caibo dentro dessa porra dessa máquina!
- Deixa de ser burro! Você pensa que vai entrar dentro da máquina? Isso não é ônibus, compadre!
- Mas que rato petulante, você, não?!
- Hahahahaha! - O camundongo soltou uma gargalhada. - Vai querer ir ou não?
- Vamos nessa! Afinal a possibilidade de conhecer Janis pessoalmente com certeza me faz correr qualquer risco.
O camundongo pulou perto da máquina, apertou um botão e uma espécie de escotilha abriu exibindo uma espécie de teclado e monitor de computador.
- Vamos lá! Pra que ano nós vamos?
Pensei um pouco sobre as várias épocas em que seria legal conhecer Janis. "Monterrey Pop, em 68? Não! Woodstock, em 69, também não, muita gente nesses dois lugares...Ah, já sei, em 1970, meses antes dela morrer. Rio de Janeiro, Carnaval...". E berrei para o camundongo que me olhava com uma enorme interrogação estampada e com os bigodes se mexendo sem parar:
- Fevereiro de 1970, Rio de Janeiro!!!
- Mas ela não era americana, de uma cidade chamada Port Arthur, no estado do Texas? Pelo menos foi isso que o Dr. Hendrix descobriu.
- É isso. A informação é correta, mas ela esteve no Brasil ... deixa quieto. Você vai ver!
O camundongo apertou umas teclas com suas miúdas patinhas e de repente um mapa da cidade do Rio de Janeiro pulou na tela.
- È isso! Gritei. Vamos, vamos! - Comecei a ficar cada vez mais ansioso. - Vai logo com isso!
- Calma, cara! Pensa que isso aqui é o metrô! Tem muitos ajustes de freqüência pra fazer, senão a gente acaba indo para um lugar totalmente errado, ou se misturando... e eu não estou a fim de ficar com uma cabeça enorme de humano no lugar de minha pequena e delicada cabecinha.
- Ok, camundongo! Cara chato!
O camundongo ficou ali, quieto, vez ou outra ajeitando os óculos, mexendo umas teclas, apertando uns botões. Depois de um certo espaço de tempo, soltou um barulho que parecia mais o relincho de um cavalo.
- Yeah! Está pronto! - Apertou um botão e uma espécie de plataforma saiu de dentro da máquina - Suba aí!, Ordenou o camundongo.
Uma sensação de medo me fez tremer e gelar por completo e pensei em desistir.
- Tá com medo, palhaço? - O camundongo agora ria.
- É tô sim! - Mas um filme, aquele mesmo que já assistira centenas de vezes, "Janis", começou a passar dentro da minha cabeça, numa velocidade espantosa. - Onde subo? Aqui?. - E dei uns dois passos e subi na plataforma.
O camundongo apertou uma tecla e rapidamente veio se instalar sobre o meu ombro esquerdo.
- Yuhaaaaaaaaaaaaaaa! - Gritou ele. - Janis Joplin, aqui vamos nós.
Depois de alguns segundos e sem que eu tenha notado nenhum barulho, luzes ou qualquer outra anormalidade, me vi, com meu amigo camundongo no ombro, parado em plena Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro. De repente, levei um encontrão de uma mulher que cambaleava bêbada, e quando me virei, pronto para xingá-la, vi que era...
- Puta que pariu! Janis!!!!!!! - Soltei um berro.
- Do you know me? - Ela perguntou. Mas, ao mesmo tempo olhou para minha camiseta que tinha sua foto embranqueceu. - Oh, shit! It's me in you T-shirt?
- Yes, it´s you! I love you! "Combination Of The Two", "I Need A Man To Love", "Summertime", "Piece Of My Heart", "Ball And Chain", "Me And Bobby McGee", "Cry Baby", "Mercedez Benz", "Trust Me", "Kozmic Blues", "Cry Baby", "Move Over"... e comecei a recitar os nomes de todas as suas músicas, excitado, quase às lágrimas; parecia que meu coração e minha cabeça iam explodir...
- Yes, man!!!!!!!!! Uau!!!!!!!! Mas tem música ai que é do meu próximo disco, o "Pearl"... como você conhece?
E ai sem mais nem menos ela começou a conversar comigo em um bom e velho idioma de Camões...
- Janis, eu a conheço e a amo há trinta anos!
Janis deu uma gargalhada, daquelas que lhe são peculiar e disse:
- Como você pode me conhecer há trinta anos, se eu tenho 27?
Ai me dei conta da mancada e tentei disfarçar.
- Não, Janis, não trinta, no thirty. Thirteen, treze!
- Oh, yeahhhhhhhhhh! Ela disse. De Port Arthur?
- Port Arthur, Texas! - Tentei caprichar um sotaque de cowboy texano.
Enquanto ela falava eu não despregava os olhos de seus eretos mamilos explodindo pela blusa rendada. Não podia acreditar no estava acontecendo. Janis, ali, parada em minha frente, com seus mamilos eretos, seus óculos redondos, cabelos despenteados... e um enorme bafo de bebida!
- Me paga uma bebida, man?
- Claro, Janis!
Entramos em um fedorento e imundo boteco, o primeiro que encontramos e começamos a beber. Claro que Janis chamou a atenção, mais pelas suas roupas e modos. Não podemos esquecer que estamos em 1970 e além de suas roupas e atitudes serem totalmente estranhas por aqui, ainda, ela era praticamente uma desconhecida. E muita gente também não entendia porque eu tinha a foto da minha amiga estampada numa camiseta. Ri em pensamento daquela situação. Janis ria muito, falava sem parar e num dado momento, sem mais nem menos, soltou: "Oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz? /My friends all drive Porsches, I must make amends. / Worked hard all my lifetime, no help from my friends, So Lord, won't you buy me a Mercedes Benz? ..." . Cantou "Mercedes Benz" ali, de pé naquele bar, com um copo de Fogo Paulista na mão e um cigarro na outra.
- Gostou? - Ela perguntou.
- I love! - Respondi-lhe sem conseguir conter minhas lágrimas. "Mercedes Benz" é minha predileta.
E Janis pediu outra bebida e ficou ali, tamburilando os dedos no balcão com os braços cheios de pulseiras, vez ou outra balançando os quadris ao som de uma música que só ela ouvia. E eu ali, extasiado, até que uma hora não agüentei mais e segurei-a pelos ombros e soquei-lhe um sonoro beijo na boca.
- Ooh! - Oh, man! Do you love me? - Ela soltou.
- Yes, Janis! I love you. "Take another little piece of my heart now, baby!"
Uma sensação estranha tomou conta de mim, um misto de alegria incontrolada e tristeza. Irrompi em um choro quase convulsivo. Abracei Janis e banhei seu rosto com minhas lágrimas. Ela perguntou,
- Porque, cara, está chorando!
- Emoção, Janis! Emoção! Canta "Ball And Chain".
Janis pediu uma vodka, ajeitou-se e sublimemente soltou a voz:
"Yeah! Alright!/ Sittin' down by my window, / Honey, lookin' out at the rain. / Lord, Lord, Lord, sittin' down by my window, / Baby, lookin' out at the rain. / Somethin' came along, grabbed a hold of me, /And it felt just like a ball and chain. (..)"
As pessoas que estavam ali naquele bar, garçons, putas e o próprio dono se levantaram e urraram. Começaram a trazer bebidas e então ficamos nós, ali, bebendo. Janis cantou outras músicas e depois saimos andando até o hotel onde ela estava hospedada.
Apanhamos as chaves e subimos as escadas, bêbados e abraçados. Janis entrou no quarto, foi até o bar e pegou outra bebida e me ofereceu. Bebemos ali, no mesmo copo e ela começou a cantar "Summertime":
- "Summereeeeeeeeeeeeeeertime!, time, time, / Child, the living's easy. /Fish are jumping out /And the cotton, Lord, /Cotton's high, Lord, so high. ..." E o verão carioca nunca foi tão quente.
- Cryyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy Baby! /Honey, welcome back home. (...)"
Nesse momento, Janis começou a chorar e falar:
- "I Need A Man To Love". Tentou começar a cantar: "Whoa, I need a man to love me. / Don't you understand me, baby? /Why, I need a man ...", então encostou o rosto em minha camiseta onde estava estampada a sua foto e permaneceu ali durante alguns minutos, quieta, apenas soltando pequenos gemidos.
E depois o mundo silenciou! Aquele dia, bebemos e nos amamos.
- "Like a ball and chain!"
E depois nada mais parecia existir. Aquele dia eu nasci!
- "All is loneliness /Loneliness here for me /Loneliness here for me ..."
E depois meu coração quase parou!
- "Everybody's got it, / They're all trying to feel it /Everybody's dancing and singing romance /And they want to feel more, baby!..."
E que nunca existiu uma mulher como Janis. E a última coisa que me lembro, daquela noite foi "Down on me, down on me, / Looks like everybody in this whole round world /They're down on me. ..."
Quando acordei de manhã, Janis tinha sumido. Vesti minha camiseta e sai do quarto. Procurei-a durante muito tempo e então lembrei-me que como eu havia chegado até ali. Onde estaria o camundongo de óculos? Em meu êxtase por encontrar Janis, esqueci-me completamente dele. Repentinamente, olhei sobre meu ombro esquerdo e ele estava ali.
- Ei, cara!
- Onde você esteve?
- Sempre estive aqui!
- Sério? Até mesmo...
- Mesmo lá!
- O que achou dela?
- Ela é fantástica, sublime, maravilhosa, sensacional. Quando voltar e contar a Dr. Hendrix ele vai entrar em extase. E sem a macraina.
- Só fico triste em saber que daqui a poucos meses ela estará morta!
- Não fique triste, cara! Ela vai ser eterna em sua mente, em seu coração, vai alimentar os sonhos, as alegrias e tristezas de muitas e muitas gerações ainda. Em outras palavras, ela é eterna.
- Ok, camundongo... alias, acho que preciso voltar pra minha época.
- Certo. Vamos ajustar as coordenadas.
Dito isso, o camundongo apertou algumas teclas, baixou aquela plataforma e em no segundo seguinte eu estava naquele mesmo local onde eu o encontrara.
- Bom, cara, preciso voltar. O Dr. Hendrix já deve ter acabado sua viagem de macraina e preciso contar a ele sobre nossa jornada.
- Ok. Mas não me dei conta, como é seu nome, camundongo?
- Sergei! O Dr. Hendrix disse que é também em homenagem á ela.
- E é! - Falei.
Sergei levantou os óculos redondos, deu uma piscada e depois teclou a configuração de seu retorno. Pude ver na tela do seu monitor o destino.
- Mas, esse endereço, Sergei... de onde é esse endereço?
- Do laboratório do Dr. Hendrix.
- Não pode ser!
- Porque não?
Gelado, dos pés á cabeça, quase não conseguindo falar, mal balbuciei:
- Porque esse endereço é exatamente o da minha casa, hoje!!!
O camundongo permaneceu um instante em silêncio, depois apertou a última tecla e... sumiu.
Ajoelhei no chão e com a mente queimando espalmei as mãos em minha camiseta. Algo estranho tinha acontecido com ela. Retirei-a do corpo para poder examiná-la mais de perto e percebi que em lugar daquela estampa industrial existia uma imagem real, parecendo ter sido estampada com sangue diretamente pelo rosto de uma pessoa. Segurei aquela camiseta e em prantos consegui ainda gritar:
- Jaaaaaaaniiiiiiiiiiiiiiiiis!
Minha mãe me chacoalhou:
- Esta na hora de acordar, vai dormir o dia inteiro? Tem que trabalhar!
Transpirando muito, com as roupas empapadas de suor, resmunguei:
- Já vou, mãe! Tava tendo um sonho legal!
- É, é só isso que você faz, mesmo! Sonhar!!! Pára de sonhar!!!
"Puxa", ainda pensei, "Que pena que foi apenas um sonho."
Nesse momento, minha mãe olhou em direção a minha camisa e espantada resmungou:
- Que merda você fez com sua camiseta? Tá toda suja de sangue.
Olhei para minha camiseta que tinha esquecido de tirar antes de dormir, uma camiseta com a foto de Janis Joplin estampada e percebi que e lugar daquela estampa existia uma imagem real, parecendo ter sido estampada com sangue diretamente pelo rosto de uma pessoa...
E de algum lugar, vinha um som, e parecia que era de dentro da minha cabeça:
"Yeah!!! /Yeah!!! / Whoaa ... yeah!!! / You thought you had found yourself a good girl, / One who would love you and give you the world. / Then you find, babe, that you've been misused, / Come to me, honey, I'll do what you choose. / I want you to / Well, tell mama / Tell all about it. / Well, tell mama / What you need / Tell your mama, babe, / What you want. / Tell your mama, babe"

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Um pouco sobre mim


Nunca consegui ler diretamente na tela do computador; muito menos escrever usando o teclado. Mesmo antes dos computadores, meus textos e poemas eram rabiscados em papel sempre usando lápis ou caneta vermelha.

Tenho alguns rituais e posturas para escrever que tornariam impossível fazê-lo usando diretamente o computador. Por exemplo gosto de escrever deitado de bruços ou com o papel apoiado contra a parede: imaginem uma cena ridícula substituindo um caderno por um computador. Geralmente minhas idéias ocorrem caminhando ou dentro de ônibus, quando não se tem, nem se pode fazer outras coisas.

Portanto sempre carrego comigo um caderno e duas canetas vermelhas, até em lugares inusitados como jantares e churrascos. Ali anoto minhas idéias, textos, poesias, lembranças, contas a pagar etc. Meu caderno é uma espécie de diário de bordo de minha vida.

Gosto do contato com o papel, o riscar e não "deletar" uma palavra errada. O barulho de uma folha amassada quando a inspiração não chega ou não é boa é um verdadeiro som de desabafo. Gosto de pensar na origem do papel, da árvore, da celulose. Gosto do barulho do lápis lixando e pintando de preto o contorno das letras que formam palavras, frases e rimas. Gosto de usar caneta vermelha para escrever pois parece que é meu sangue que escorre das veias pela caneta e lambuza a pele branca do papel, como um punhal que desliza e corta branca e sedosa pele.

Sempre pedia a alguém para digitar, odiava ler meus textos e poemas depois que os escrevia, primeiro porque ao terminá-lo ele deixa de me pertencer e passa ser de todos aqueles que os lêem; segundo porque como tenho mania de perfeição, sempre terei a tentação de "melhorá-lo" cada vez que os ler: aí foi-se o momento da criação, o instantâneo, a fotografia da inspiração.

Sempre gostei de escrever, sim. Dizem que a todo ser humano é dada a faculdade de uma arte e como tentei ser cantor, musico, ator, jogador de futebol e outras artes sem qualquer aptidão, acho que só me sobrou esta, mesmo.

Não que eu ache que sou bom nesta arte, mas também não busco o egoísmo da glória, pouco me importa, pois o que tento mesmo é provocar, com meus garranchos rubros dos sentimentos e pensamentos que se debatem dentro do meu cérebro, outros sentimentos e pensamentos. E acaso consiga despertar em uma única pessoa sentimentos e pensamentos poderei me considerar o maior artista do mundo. Caso contrário ainda posso tentar ser carteiro ou engraxate...

domingo, 16 de novembro de 2008

Filme de sua vida


Quantos filmes voce já assistiu?
A quantos filmes assistirá?
Esta vida terrena é marcada por chegadas e partidas
Ninguém escolheu o dia em que chegou a este mundo, e não é possível saber o dia em que seremos chamados a deixar tudo o mais para trás e embarcar na grande partida
Algumas tradições religiosas ensinam que, no momento da morte, a alma recém-liberta da matéria recorda cada instante da vida terrena que acabou de deixar pra trás.
”Eis o filme da tua vida...”
Cada ato praticado, grande ou aparentemente insignificante, as boas ações e as constrangedoras, as realizadas à luz do dia ou na calada da noite, são mostrados sem nenhum embelezamento.
Frente a frente com nosso registro, a mostrar tanto as virtudes quanto as falhas.
A nossa consciência a nos julgar se soubemos fazer uso das nossas horas.
Muitas tradições definem o próximo mundo como “O mundo das verdades”, porque lá reconhecemos claramente o valor das ações que praticamos..,
O “filme da vida” não tem pré-estreía, e uma vez concluído não haverá mesa de edição, não admitindo cortes nem pausas.
Existe uma tradição judaica que vai mais alem, e menciona um segundo filme, um filme que mostra como a vida da pessoa poderia ter sido se as escolhas certas tivessem sido feitas, as oportunidades aproveitadas, o potencial utilizado.
Este segundo filme – a dor do potencial desperdiçado-, seria mais difícil de suportar...
Todas as boas ações por praticar, os frutos e as flores que jamais brotaram porque falhamos em aproveitar as oportunidades, agora irremediavelmente e definitivamente perdidas.
Veremos refletidos no Espelho da Justiça todos os episódios da nossa vida...
A cada dia, a cada momento, fazemos escolhas e nos deparamos com oportunidades. Somos nós roteiristas, diretores e atores do filme que está sendo rodado, filme este que, mais dia menos dia, seremos chamados a assistir.
A nós e mais ninguém compete decidir as ações que praticamos, e o rumo que damos a nossa vida.
Podemos:
- ser solidários ou ser indiferentes
- ser generosos ou ser mesquinhos
- purificar o nosso coração ou corrompê-lo
A cada escolha, filmamos uma cena do filme de nossas vidas...
Cultive o habito de dedicar parte do seu tempo para reflitir sobre o propósito da existência.
A vida não é só trabalho e descanso, não viemos nesse mundo a passeio. Esta vida terrena representa o estágio probatório da esternidade.
Vivemos num tempo em que se faz necessário o sacrifício, o serviço desapegado em prol do próximo necessitado.
Ou assumimos nossa parcela de bondade e de compaixão, de esforços em prol de um mundo mais justo, igualitário e fraterno, ou iremos todos afundar, nós, a nossa sociedade, a humanidade...
Devemos manter amplo nosso campo de visão e atuação, num mundo onde tantos se contentam em fechar-se em si cuidando unicamente dos seus pequenos interesses pessoais.
Nós, os abençoados pelo destino, que temos garantidas nossas três refeições diárias, que tivemos acesso a educação, e que desfrutamos de tempo e condições para acessar internet, somos minoria, uma parcela diminuta da sociedade.
A maior parte da humanidade apenas sobrevive, amparando a fragilidade da vida um dia após o outro...
São tantos que em silencio esperam um punhado de compaixão, por uma Mao cheia de justiça...
O que será que a menina de tanto destituída responderá no dia em que lhe for dirigida a seguinte pergunta:
- Acaso encontraste, neste vasto mundo, alguém disposto a tentar amenizar a tua dor...?
Permanecerá ela em silencio, ou pronunciará alguma palavra?
A nós, você e eu, compete decidir qual será a resposta.
Não deixe para amanhã
Não há tempo
Amanha pode ser muito tarde...
O ser humano é fruto de longo processo evolutivo; com sua mente racional, e seu coração capaz de sentir compaixão, situa-se no ápice evolutivo.
Porem nos últimos tempos, infelizmente, a humanidade tem se desviado do seu rumo, conforme atesta o triste cenário que prevalece atualmente.
Os desafios que encontramos à nossa frente, destinados a conduzir à regeneração e à plenitude de nossa condição humana, exigirão esforços a altura...
Quem são os heróis que se esforçarão por manter acesa a chama da solidariedade, do amor e da esperança, em meio aas ventanias do desamor, do medo e da indiferença?
Dê ouvidos às canções do espírito, as melodias da alma, e serão o teu passaporte para a eternidade.

“A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos pois as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.”
“não há boa arvore que dê mau fruto, nem má arvore que dê bom fruto. Porque cada arvore se conhece pelo seu próprio fruto.
O homem bom, do tesouro do seu coração tira o bem..”

Desculpem citar passagens da bíblia e não recordar de onde as mesmas estão escritas, porem o que vale é que eu as guardei na memória.
Façam o melhor do filme de sua vida, você será o único expectador, e convenhamos sempre gostamos de filmes com final feliz!
Fiquem com Deus

Anônimos de Guerra... Fim da era Bush


Aquela criança tem o rosto sujo e os olhos embaçados. Fome? Nada sei daquela criança de rosto sujo e olhos embaçados, da sua fome, dos seus medos, da sua família. Parece-me prostrada à sorte, aquela criança, sentada sobre o barro, entre ruínas.


Aquela mulher tão vestida de negro! Nada sei daquela mulher tão vestida de negro, dos seus olhos que fixam o chão. Nada sei dos seus desejos, dos seus filhos, do marido, se a eles tiver. Nada sei do seu dia, da sua rotina doméstica, dos afazeres que a obrigam a enfrentar o público das ruas,

Aquela mulher tão vestida de negro... Nada sei da sua educação, dos pudores que lhe enrubescem as faces, dos costumes que lhe toldam as vontades e lhes formam o caráter. Nada sei do cheiro que exalam seus cabelos ou dos aromas que lhe impregnam a cozinha.

E aquela mulher tão vestida de negro caminha depressa, parece fugir, parece correr, e nada sei das razões que lhe fizeram despertar pela manhã e enfrentar o mundo.


São personagens, tão somente, deste drama. Se vistos de perto, são homens, mulheres e crianças. Têm fome, têm sede, têm dor, têm sono, têm sonhos também, pois são humanos. Se vistos de longe, são figuras que se movem, que se esbarram. Agora, se vistos do alto... Bem, se vistos do alto, não são vistos, não são nada, quando muito um pequeno ponto sobre a terra.

Lá debaixo encaram o céu, os olhos atraídos pelo ruído. É doce o ruído! Movem os olhos e buscam Alá que parece chamá-los. E Alá é luminoso, Alá vem rápido, e num átimo de segundo não há mais olhos que fixam o céu, nem aquela criança de rosto sujo e olhos embaçados, nem aquela mulher tão vestida de negro. Há apenas corpos inertes e despedaçados que lá do alto não se podem ver. Há apenas a terra estuprada que se entrega em enormes crateras. Há apenas o sonho que se perdeu para sempre. E nós nem os conhecíamos, e já eram culpados por aquilo que não fizeram!


Não é apenas porque tememos o ruído dos canhões e o zumbido dos mísseis que cortam o céu que somos contra. Não é apenas porque o petróleo falta e os preços sobem que somos contra. Não é apenas porque nos repugna o sangue que se mistura à terra violada que somos contra. Mas é também porque matamos aquele homem que cria ovelhas, aquela criança de rosto sujo e olhos embaçados, aquela mulher tão vestida de negro, que somos contra!

Somos contra, senhor busch, e o minúsculo é proposital, pois teu nome não tem honra, teu nome é vergonha, e queremos que o saibas. Bem como o nome daqueles que te seguem, execráveis nomes, e ainda que se apaguem de vossas futuras lápides estes nomes vis, a história não os apagará. Serão sempre lembrados no rol daqueles que semearam a morte.



Aquele homem, aquela criança, aquela mulher... e nós nem os conhecíamos

sábado, 15 de novembro de 2008

Nada sobre tudo ou tudo sobre nada?


Depois de centenas de cliques, páginas e páginas, palavras-chave, etc. Você chegou a este texto e começou a ler. O que o teria trazido até aqui? Mecanismos de busca, acaso, indicação? O que importa é que agora você está em frente a tela onde está escrito este texto que escrevo agora. Não o agora em que você está lendo, mas o agora no tempo em que estou escrevendo, Ah, deixe pra depois. Você se ajeita na cadeira, procura uma posição melhor para ler, chega mais perto do monitor. O fundo preto com letras brancas facilita. Você parece interessado em saber como irá se desenvolver este texto, qual é sua intenção, como irá terminar. A curiosidade lhe arde os olhos e lhe causa desconforto. Mas você continua lendo, aperta a tecla com o desenho da seta pra baixo e rola a tela; o texto prossegue, cresce, palavras se amontoam e parece não chegar a lugar nenhum. O que você esperava encontrar?

Que tipo de texto você esperava encontrar é no que penso no momento em que escrevo este texto. Algo límpido, cristalino, filosófico, como os novos pensadores? Algo muito contundente e caótico, como Nietzsche? Ou ainda algo verborrágico, forte e erótico ao estilo Henry Miller? O estilo de escrita, o estilo inconfundível, coisa que não tenho capacidade de produzir. Este texto é fruto de minha mente, de minhas experiências, tão diversas quanto caóticas e eróticas. Sem síntese nem sintaxe, imediato e imediatista, pungente e urgente. Um texto sem pretexto.

Você começa a ficar irado e começa a procurar o botão de "voltar", mas a curiosidade sobre o propósito deste texto o faz continuar a lê-lo. Mas de qualquer forma, sua paciência começou a se esgotar, você nem lembra porque e de que forma chegou até este texto, mas continuou até aqui. Você se move na cadeira, tamborila os dedos no teclado, mexe o mouse frenético no "pad": quer chegar logo ao fim deste texto e ele parece que não acaba , nem explica o porquê. Ok, você quer chegar logo ao fim deste texto...

Certamente, o leitor pergunta sobre o personagem principal deste texto. Portanto é importante que o situemos. O personagem deste texto, principal e secundário, autofágico e antropofágico, que se consome, se regurgita e torna a re-consumir, que se fecunda e se aborta, que se mata e ressuscita, que se ama e se odeia com a mesma intensidade. Um personagem nem bom nem mau, apenas principal. Tal personagem com características tão firmes e potentes dentro do meu texto, não poderia ser outro senão ele próprio: Meu Texto

Tanta coisa interessante na Internet e você lendo isto? E parece que você agora começou a ficar realmente irado com este texto. Ah, mas em outra janela tem um seu MSN aberto e você não precisa contar pra ninguém na que está lendo este texto, entre uma frase ou outra. Ou pode ser que também, tenha uma janela do seu perfil do orkut. Mas não tem problema, meu texto irá chegar ao fim e você poderá continuar a apreciar aquelas pessoas que muito acrescentam em sua vida, aguarde um pouco que logo logo este texto que você insiste em ler, irá terminar. Lembra como começou a ler este texto e o que o levou a fazê-lo? Não? Então comece novamente. Quem sabe você encontre algo realmente interessante que tenha lhe passado desapercebido até agora. Tá bem! Não quer recomeçar né?! Então continue já que está chegando ao fim, onde alguma coisa muito interessante lhe espera. Agüente o sono e mantenha seus olhos cansados abertos um pouco mais: garanto que o fim será inteiramente prazeroso, bombástico. Mas pare com essa ansiedade. Ah tá bom, já que é assim, o texto acabou.

Querem me censurar!


"Baseado em que você pune quem não é você" (?) Raul Seixas
Estamos assistindo ao recrudescimento da censura no Brasil! (Censura no brasil?). Debaixo da desculpa de ver a programação apelativa exibida por algumas emissoras de televisão em busca de aumentar sua audiência/faturamento, passaram a impor uma tal de "censura classificatória", baseada em horários para a exibição. Recentemente um portal de Internet foi obrigado a retirar, por ordem da Justiça (?) um texto sob a forma de editorial que exprimia posição contrária a um candidato a prefeito em São Paulo - candidato esse com histórico extremamente ligado a repressão no governo Militar. Xxxxxx XXXX xxxxxxxx XXXXXXXXXXXX xxxx XXXX A FRASE NESTE PONTO FOI CENSURADA XXXXXXXX CLIQUE AQUI! XXXXX xxxx XXXXX.

A censura afiou suas garras e começa a dilacerar a cultura brasileira, novamente, cuspindo fogo igual a um dragão. Não podemos permitir qualquer espécie de censura. A Constituição brasileira deixa claro: "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.". O que não dá para compreender é porque os órgãos censurados não utilizam isso para se libertar da censura. Isso faz com que alguns outros questionamentos, como a forma que essas empresas de comunicação adquirem um canal de televisão - que é uma "concessão pública". Em outras palavras, não vão brigar contra seus "beneméritos".

As diversas formas de censura têm atrasado a evolução cultural do ser humano, desde o incêndio criminoso da Biblioteca de Alexandria, passando pelos Jesuítas impondo à força sua religião aos índios; governos, igrejas e demais instituições muito contribuíram para o estado de barbárie cultural em que nos encontramos.

Passamos de um período nojento de ditadura Militar para um também nojento período de ditadura neo-liberal, onde cada um a seu modo esfola os pobres, aniquila a classe média e poupa os ricos; onde uma dupla de Fernandos entregou o brasil (Brasil?) a interesses econômicos internacionais à guisa da tal globalização (globalização é impor ao mundo o padrão da Rede Globo?). E é esse governo de um pseudo-intelectual, que manda que esqueçam o que ele escreveu, que permite o retorno da censura (Censura?) ao país.

A figura burra do censor inculto, com sua tesoura burra paira sobre nossas cabeças. Agora sob a forma de "classificar" programas de televisão, amanhã quem sabe sob que outras formas! O que irão fazer quando as "ordens" de censurar ("classificar"?) não forem cumpridas? Vão tirar os cadeados da porta dos DOI-CODIs? Reativar o DOPS? O Cemitério de Perus? É, existe ainda um tal xerife por ai para dar conta desse recado!

Os mortos e os torturados do regime militar ainda nem esfriaram na sepultura ou fecharam suas cicatrizes e tal uma fênix forjada no fogo do Inferno, um dragão com mil cabeças, ela retorna mais faminta do que nunca. E o alimento do Dragão da Censura são cérebros, letras, pensamentos, papéis, palavras. É um monstro atraído pelo cheiro da Cultura tal um vampiro pelo cheiro de sangue. O cheiro da Cultura enoja a censura, e então ele tem que liquidar qualquer forma. A censura é prisioneira de sua burrice e hipocrisia, então não pode permitir qualquer tipo de liberdade de expressão.

Não bastasse uma educação castradora, incompetente e vagabunda que esse sistema educacional nos impõe, propositalmente montado para emburrecer (emburrecer=não permitir/incentivar que se pense) e que já é por si próprio um eficaz sistema de censura (com certeza o maior deles!), temos que ter a serviço do emburrecimento da espécie humana, especialmente da espécie humana que habita um país chamado brasil (Brasil, quando?), uma corja de senhores e senhoras que se preocupa em impor "os bons valores da sociedade" a todos, se arvorando em defensores da moral alheia, mas que no final defendem seus próprios interesses e frustrações morais e intelectuais.

Uma sociedade tem que ser construída em cima do debate de idéias, não em cima da imposição de nenhuma delas.
TORTURA NUNCA MAIS!
CENSURA NUNCA MAIS


Querem me censurar por usar termos antes não usados por mim, não posso usar termos de conotação sexual em poesias nem crônicas?
Não posso me referir fracasso a putas, não posso me referir a órgãos sexuais nem mesmo ao gozo, não posso mais falar de Deus e Diabo.
Francamente, num pais em que a música é apelativa e sexual, quando novelas usam cenas de sexo entre casais e até mesmo o seu jornal preferido passa horas falando sobre um seqüestrador que tirou a vida de uma linda jovem, ou de políticos que usam o nosso dinheiro pra uso próprio.
Ao meu ver deveriam ser banidas do vocabulário de todos que nos agridem mais do que as que usei em meu blog, mas talvez vocês ou alguns de vocês devem ter se acostumado com essas palavras, vou citar algumas:
ÓDIO, PRECONCEITO, VIOLENCIA, FOME, DESEMPREGO, INJUSTIÇA, DOR, RANCOR, DESCRENÇA, ABANDONO, CORRUPÇAO, EXPLORAÇÃO, ESCRAVIDÃO, DROGAS, ALCOOLISMO, INDIFERENÇA, DINHEIRO, ALIENAÇÃO
Vou parar por aqui porque já me senti envergonhado em citar esses termos.
Desculpe a quem se sentiu agredido por palavras usadas em minhas crônicas
Continuem a assistir suas novelas, continuem a ler suas revistas de celebridades, seus jornais apelativos onde o “herói” é o bandido e ouçam muita musica de duplo sentido.
Quantos livros você leu este ano?
Quantas vezes já ouviu aquele funk chiclete que não sai da cabeça?
“ É creu neles”, “vai sentando”
Belas letras e muita cultura!

República das excelências, mais um feriado!


EM 13/6 , um juiz do Paraná desmarcou uma audiência porque um trabalhador rural compareceu ao fórum de chinelos, conduta considerada "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário". Não muito antes, policiais do Distrito Federal fizeram requerimento para que fossem tratados por "Excelência", tal qual promotores e juízes.
Há alguns meses, foi noticiado que outro juiz, este do Rio de Janeiro, entrou com uma ação judicial para obrigar o porteiro de seu condomínio residencial a tratar-lhe por "doutor".
Tais fatos poderiam apenas soar como anedotas ridículas da necessidade humana de criar (e pertencer a) castas privilegiadas. No entanto, os palácios de mármore e vidro da Justiça, os altares erguidos nas salas de audiência para juízes e promotores e o tratamento "Excelentíssimo" dispensado às altas autoridades são resquícios diretos da mal resolvida proclamação da República brasileira, que manteve privilégios monárquicos aos detentores do poder.
Com efeito, os nobres do Império compravam títulos nobiliárquicos a peso de ouro para que, na qualidade de barões e duques, pudessem se aproximar da majestade imperial e divina da família real.
Com a extinção da monarquia, a tradição foi mantida por lei, impondo-se diferenciado tratamento aos "escolhidos", como se a respeitabilidade dos cargos públicos pudesse, numa república, ser medida pela "excelência" do pronome de tratamento.
Os demais, que deveriam só ser cidadãos, mantiveram a única qualidade que sempre lhes coube: a de súditos (não poderia ser diferente, já que a proclamação não passou de um movimento da elite, sem nenhuma influência ou participação popular). Por isso, muitas Excelências exigem tratamento diferenciado também em sua vida privada, no estilo das famosas "carteiradas", sempre precedidas da intimidatória pergunta: "Você sabe com quem está falando?".
É fato que a arrogância humana não seduz apenas os mandarins estatais.
A seleta casta universitária e religiosa mantém igualmente a tradição monárquica das magnificências, santidades, eminências e reverências. Tem até o "Vossa Excelência Reverendíssima" (esse é o cara!). Somos, assim, uma República com espírito monárquico.
As Excelências, para se diferenciarem dos mortais, ornam-se com imponentes becas e togas, cujo figurino é baseado nas majestáticas vestimentas reais do passado. Para comparecer à sua presença, o súdito deve se vestir convenientemente. Se não tiver dinheiro para isso, que coma brioches, como sugeriu a rainha Maria Antonieta aos esfomeados que não podiam comprar pão na França do século 18.
Enquanto isso, barões sangram os cofres públicos impunemente. Caso flagrados, por acaso ou por alguma investigação corajosa, trata a Justiça de soltá-los imediatamente, pois pertencem ao mesmo clã nobre (não raro, magistrados da alta cúpula judiciária são nomeados pelo baronato).
Os sapatos caros dos corruptos têm livre trânsito nos palácios judiciais, com seus advogados persuasivos (muitos deles são filhos dos próprios julgadores, garantindo-lhes uma promiscuidade hereditária), enquanto os chinelos dos trabalhadores honestos são barrados. Eles, os chinelos, são apenas súditos. O único estabelecimento estatal digno deles é a prisão, local em que proliferam.
A tradição monárquica ainda está longe de sucumbir, pois é respaldada pelo estilo contemporâneo do liberal-consumismo, que valoriza as pessoas pelo que têm, e não pelo que são.
Por isso, após quase 120 anos da proclamação da República, ainda é tão difícil perceber que o respeito devido às autoridades devia ser apenas conseqüência do equilíbrio e bom senso dos que exercem o poder; que as honrarias oficiais só servem para esconder os ineptos; que, quanto mais incompetente, mais se busca reconhecimentos artificiais etc.
Numa verdadeira República, que o Brasil ainda há de um dia fundar, o único tratamento formal possível, desde o presidente da nação ao mais humilde trabalhador (ou desempregado), será o de "senhor", da nossa tradição popular.
Os detentores do poder, em vez de ostentar títulos ridículos, terão o tratamento respeitoso de servidor público, que o são. E que sejam exonerados se não forem excelentes!
Seus verdadeiros chefes, cidadãos com ou sem chinelos, legítimos financiadores de seus salários, terão a dignidade promovida com respeito e reverência, como determina o contrato firmado pela sociedade na Constituição da República.
Abaixo as Excelências

Um violão, um pão com mortadela e minha consciencia


Hoje pela manhã fui ao parque do Ibirapuera, foi uma espécie de retiro, um momento pra refletir após tantos momentos difíceis em minha vida, confesso que ao chegar me senti um estranho no ninho, pessoas felizes, famílias brincando com seus cães de raça, desfilando com suas bicicletas caríssimas e olhei pra mim, um rockeiro com um violão nas costas, camiseta do Ozzy (quase branca de tão desbotada), um All Star rasgado e sujo, uma sacola com dois lanches de mortadela e uma caixinha de suco e uma pergunta pra mim mesmo: - que porra eu vim fazer aqui?

Meio sem jeito e sendo observado como se fosse um extraterrestre recém chegado de seu planeta eu me sentei próximo ao lago e retirei meu violão da capa, juntamente com meu caderno e duas canetas vermelhas, comecei a afinar meu violão e me lembrei de uma canção de Raul, “bom dia som” e quando me vejo estou tocando e cantando ela de olhos fechados, alguns curiosos me olham com cara de espanto mas eu nem liguei, ninguém conhece essa musica mesmo – pensei eu – engana-se uma senhora me aborda e pede pra que eu toque “medo da chuva” eu disse que não lembrava a letra toda, mas mesmo assim ela queria ouvir a melodia.
Enfim me despedi dessa senhora e comecei a pensar no meu lanche solitário.
Devia eu ter a convidado e repartir meus lanches?
Então viajei nas idéias e acordes do meu violão, Janis Joplin seria uma boa companhia pra comer um pão com mortadela?
Não, eu acho que não, ela ia querer LSD ou coisa parecida pra acompanhar.
Mas e se George Harrison estivesse aqui, tocaríamos varias musicas do Beatles... “My sweet lord”... Não, também não seria uma boa companhia
E se Raul estivesse aqui ao meu lado?
Ah! Ele iria preferir um “banquete de lixo” ou uma garrafa de pinga.
Podia estar aqui com minha mãe, seria uma ótima oportunidade de contar a ela tudo o que aprendi com sua ausência, falar da saudade que sinto e de meus planos do futuro...
Acorda João, todos esses que você citou já se foram, assim dizia minha conciencia.
E meu pai?
Seria um ótimo cara pra estar aqui e conversarmos, mas paro e penso com os problemas da perna e tudo mais não poderia sentar-se ao chão e nem pegar um ônibus como fiz!
- Mas espere ai!
Outra vez minha consciência
- já viu que horas são? São oito e meia seu burro!
Minha consciência não é muito educada, percebem?
Guardo meu violão na capa junto com meu caderno e guardo também meus dois paos com mortadela e o suco de frutas de caixinha e vou pra casa.
Chegando em casa onde meu pai se encontrava deitado e dormindo, abri a janela do quarto dele, dei um sorriso de orelha a orelha e disse:
- Pai o senhor sabe que eu te amo?
Ele respondeu:
- Eu sei seu merda mas deixa eu dormir.
Então peguei os dois lanches, o suco e sentamos na beira da cama e comemos e conversamos sobre o que esperávamos do dia de hoje e do futuro.

Moral da história:
Eu estava em um lugar onde todos me julgavam, sonhando estar com meus ídolos que nunca poderia vê-los e envergonhado por ter trazido meu café da manha de casa comprado com meu vale refeição, mas ao chegar em casa me deparei com meu ídolo de verdade e que não me julga por saber o tanto que faço por todos e que mesmo me chamando de merda adorou ter um “bom dia” tão alegre e uma conversa tão longa com alguém que o admira por qualidades que só convivendo pra saber.
Não importa o que se coma quando isso é feito ao lado da pessoa que te ensinou o valor de um alimento e da vida!
Não entenderam nada?
Nem eu
Me deixem viver minha loucura
“hoje eu te chamo de careta, e você me chama vagabundo”

Ps: Será que aquela senhora era real ou fruto de uma imaginação?

Na foto eu e meu pai quando passavamos horas no parque.