
Que fazer deste vazio?
Deste nada em que mergulho?
Que fazer destas palavras sem voz que debito para mim própria
Condição de errante carrego eu nos braços
Feita criança de cara suja
Que fazer com as palavras que já não tenho
Com a caneta sem tinta que escorra e escrevinhe
Papel em branco
Sem qualquer encanto
Que delírio
Este rodopio espiral que é o meu vazio
Pauta de notas sumidas
E os passos que me fogem dos pés
As vontades que descarrilam em lágrimas longas e lentas
Rosto negro
Sem expressão
Seco, rugoso
Cansaço tenebroso
Já não sinto o corpo
Sinto apenas o vento que chora
Em ladainha canta os horrores que sente do negro da minha pele
Rasgo esse papel que já de mim nada diz
Esse que se folheia num livro qualquer de capa dura
Palavras perdidas
Enterradas por entre o pó poeirento do Ontem
No sotão das ideias abandonadas
São tantas as palavras que se perdem
É tanto o tempo que se não perde com as palavras
Palavras que se perdem
Gesto esfumaçado de algum desmemoriado
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