
Ouço atentamente esses sons que se não fazem anunciar
Esses sem voz própria
Corrompidos por uma qualquer melodia sem harmonia
Esses que pintam o fel
E azedam na pele
Vejo imagens distorcidas
Desprovidas de uma qualquer autoria
Sei a verdade em mim soterrada
Por mim usada
Amante das noites isoladas
Encarceradas e enjauladas
Ai Verdade
Como te queria rasgada
Feita num nada
Corpo mortificado
Por mim abandonado
Queria-te nua no meio da rua
À mercê de um qualquer
Que te pisasse em cima
Te cuspisse essa agonia
E é no negro da noite
Que tomas um alguém
Forma corpórea
Desprovido de alma
Carne apenas
Que usas sem pesar
Ontem acordei no meio da noite
Quando com a tua mão gelada
Me tocaste o corpo crú
Te fizeste em mim verdade que nunca quis
Renego a sabedoria
Condição utilitária
Por ti praguejada
Deixas o meu corpo vazio
Preso por fio
À realidade que alguém um dia desmentiu
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